domingo, abril 19, 2009

Um balanço

Estive por esses dias olhando meus textos antigos deste mesmo blog e me dei conta de como eles são realmente antigos, já têm dois anos!! E me surpreendi também por perceber como eu mudei meu jeito de escrever (pode ser até que só eu ache que houve uma mudança, que rafael e gustavo continuem a achar piegas, déia, val e altiere ainda gostem, ou pode até ser que mesmo tendo realmente mudado eles todos continuem achando a mesma coisa, ou não - eita parenteses grande da pinóia!).

Foi uma sensação meio estranha, parar e pensar como você era, eu era tão triste e melancólica! Cheguei a duvidar que aquela fosse eu mesma, mas aí lembrei de como escrevia cada um daqueles textos, lembro bem de cada um deles, cada situação.

E gostei muito de alguns deles, então fiquei pensando em como a tristeza e a melancolia são boas ferramentas pra se escrever! A inspiração sempre vinha, quando eu estava nesses momentos, na praia, sozinha, olhando os pescadores e me sentindo vazia, andando pelas ruas desertas de domingo, puxando pela memória coisas que eram boas e que você não tinha mais...

O amor não compartilhado é bem importante pra esses momentos, percebi isso quando me dei conta que quando não estava namorando escrevia bem mais - quer dizer, eu ainda escrevia - e agora que acabei, foi tiro e queda, voltei a escrever, voltei a passar horas no msn etc etc etc. Mas ainda não cheguei na fase melancólica, por isso que esse texto não tá saindo bom!

Será que eu ainda vou voltar a ser daquele jeito, penso agora, será que ainda vou ter inspiração? Porque fico achando que hoje tou bem mais bem resolvida do que naquela época, faço coisas que me preenchem, que me dão energia e vontade de fazê-las pelo resto da minha vida.

Aí tava conversando com um amigo ontem - isso foi uma coisa que eu percebi nos textos antigos também, eu sempre me refiro a amigos e nunca digo quem são - enfim, falava pra ele que os escritores e os artistas em geral num pode sem muito bem resolvidos não, a arte precisa de sofrimento, de paixão, de emoção. Principalmente eu, que num gosto muito de textos que são mais racionais, objetivos..

Ao mesmo tempo comecei a pensar que os textos que escrevi ultimamente têm sido em dedicação de algum amigo (mentira, todos são pra amigas), falo do carinho que sinto por elas, com exceção do último, que fala de algo que vivi, só que essas situações que me dão vontade de contar estão cada vez mais raras – acho que vou começar a freqüentar mercados públicos, andar mais de táxi, ir pra botecos esculhambados, pra ver se encontro com as figuras que Samarone encontra.. Porque se for escrever texto só pras amigas, chega uma hora que elas acabam e aí? Por sinal tou devendo texto pra algumas ainda, mas vão sair, tenho fé!

E fico nessa dualidade, que é uma constante na minha vida ultimamente, estar bem resolvida é bom e tal, mas perco um pouco do meu contato com a literatura; ao mesmo tempo sofrer é ruim, mas me deixa tão viva! Tava pensando nisso em relação à paixão mesmo, isso antes de ver Romance – que por sinal me identifiquei muito – que pra se apaixonar é preciso sofrer! Sim, porque se apaixonar é criar uma pessoa que não existe, criar uma imagem e querer ter ela pra você, só que você sofre porque essa imagem num corresponde à realidade. Aí Rafaz diz: Help, acho que tu é que ta criando uma representação errada da paixão. Será? Eu penso que não.

Num tem saída, se apaixonar é criar, do mesmo jeito que só se cria se apaixonando! Mas também não acho que tenha nada de errado em criar, afinal, a partir do momento que você criou algo aquilo se tornou real, mesmo que só pra você. Só que as pessoas têm mania de achar que o criado é inferior aquilo que consideram o “real”. Pra mim criar é bem real! E o real pode num ser tão determinante quanto parece. (Isso já ta parecendo meu TCC, que por sinal num tou escrevendo pra escrever aqui...)

Me lembrei de uma frase em que pensei hoje enquanto lavava os pratos: “Os artistas ao fazer arte nada mais fazem do que brincar, igualzinho às crianças”. Pensei isso quando estava questionando o papel da arte e cheguei à conclusão, meio a contragosto, que ela não precisa mesmo ter papel.. Porque se eu defendo que as brincadeiras das crianças num devem ter outro motivo senão brincar, como vou querer que os artistas não façam o mesmo?

Enfim, não conclui o texto porque não cheguei mesmo a uma conclusão, literatura +paixão + sofrer ou tranqüilidade – literatura – paixão? Ó céus!! ihihhi