segunda-feira, janeiro 30, 2012

Será que as luzes que se acendem nas janelas acendem por dentro também das pessoas?

O que se acendia em Antônia era o seu desejo de, finalmente, comprar um colchão novo.Em Janaína, brotava um desejo de encontrar um amor. Já em Antônio, nascia uma luzinha que ele não sabia bem explicar o que era... parecia um vaga-lume. Ela piscava igualzinho aos pisca-piscas que ele tanto via nessa época do ano. Piscava sempre que ele tinha uma descoberta. Outro dia foi quando ele viu uma formiguinha andar na grama carregando um pedaço de comida, ele ficou tão surpreso, como ia caber aquilo tudo no bucho dela? Teve outro dia também que a luzinha se acendeu quando ele viu uma borboleta voar. Ele ficou reparando em todas as cores que, de repente, surgiam nas asas dela. Achou muito bonito de ver. Mas a luz piscou mesmo foi quando ele viu, furtivamente, a calcinha de Júlia naquele dia ensolarado. Achou linda, ficava imaginando sentir o tecido de algodão em sua pele...

E assim a vida ia seguindo, cada um com sua luzinha: Juca, quando ganhava um osso; Zeca, com um prato de leite; a mosca, com o pão da padaria, o mosquito, com o sangue da perna da moça, o passarinho com a minhoca, a minhoca com a terra... E assim se cumpria o ciclo da vida. Num era Natal nem nada, era só a vida seguindo, e as luzinhas apagando e acendendo, apagando e acendendo...