quarta-feira, setembro 12, 2012

O brilho

Do lado de cá, a tranquilidade da meditação silenciosa. Coração gélido? Não sei, só sei que me protege. E é disso que preciso no momento. Me envolvo, fico vulnerável, me entrego, depois volto a ficar firme. No café você me falava coisas sem sentido, teorias sobre o surgimento da terra e explosões solares. Nada disso eu escutava, conseguia apenas reparar na criança triste que passava com a mãe. Mas que cara poderia ser aquela? Não era cara de tristeza infantil, era algo grave, doloroso. Olhos fundos. Vai ver não era a criança que sentia aquilo, mas eu, me enganando e comendo aquele bolo de banana, afogando no doce a mágoa que você me fez. Você aí, nada afetado por todo aquele turbilhão me deixa ver que de fato não está aqui. Será que algum dia esteve? Prefiro caminhar na praia sozinha, sentir a brisa me tocar, o cheiro de mar me envolver. Esquecer o que não era pra ser. Velejo em mim, procurando ondas mais calmas, encontro poços de águas muito bonitas, dentro pedrinhas brilham, ofuscam meus olhos e sei que não há nada ali. Não, não há nada. O que há é a felicidade de saber que o brilho ainda existe e sempre existirá e que o destino das águas é permanecerem mansas e profundas, assim como está meu coração agora.