domingo, maio 24, 2009

Viu uma estrela cadente e fez um pedido:
queria não fazer mais ninguém sofrer.

sexta-feira, maio 22, 2009

Criança escondida

Reflexões: a criança,o brinquedo e a educação
Walter Benjamin

"Já conhece todos os esconderijos da casa e retorna para eles como a um lugar onde se está seguro de encontrar tudo como antes. O coração palpita, ela prende a respiração. Aqui a criança está refugiada no mundo material. Este se lhe torna extraordinariamente nítido, acerca-se dela em silêncio. Somente o enforcado, no momento da execução, se dá conta do que significa cordas e madeira.

Atrás do cortinado, a criança transforma-se, ela mesma em algo branco e que sopra como o vento, converte-se em fantasma. A mesa de jantar, debaixo da qual ela pôs-se de cócoras, deixa-a tranforma-se em ídolo de madeira em um templo onde as pernas talhadas são as quatro colunas. E por detrás de uma porta ela própria é porta, carrega-a consigo como uma pesada máscara e enfeitiçará, como um sacerdote mágico, todas as pessoas que entrarem desprevenidas. Por nenhum preço ela pode ser encontrada.

Quando ela faz caretas, dizem-lhe que basta o relógio bater as horas e a careta ficará para sempre. O que há de verdade nisso tudo, a criança sabe-o em seu esconderijo. Quem a descobrir pode fazê-la petrificar-se como ídolo debaixo da mesa, incrustrá-la para sempre como fantasma na cortina, bani-la pelo resto da vida na pesada porta. Por isso quando é tocada por aquele que a procura, a criança deixa escapar um forte grito o demônio que a transformaria, para que esta não a encontre - na verdade nem espera por esse momento, antecipa-se a ele com um grito de autolibertação. Por isso ela jamais se cansa da luta com o demônio.

A casa é o arsenal das máscaras. Contudo, uma vez por ano encontram-se presentes nos lugares mais secretos, nas órbitas vazias de seus olhos, na severa boca da casa. A mágica experiência torna-se ciência. A criança desencanta, como seu engenheiro, a sombria moradia dos pais e procura ovos de páscoa".

segunda-feira, maio 11, 2009

Sonho.

Uma menina pergunta: “Tia, eu num posso ir pra lá não?” – Se refere à outra rua, de trás. “Não, acho que não pode não, porque acabou de ter uma briga aqui”. Então começo a lembrar da tal briga, que, surpreendentemente não me causou medo, eu apenas olhava de longe. Daí, então aparecem garotos vestidos com hábitos, são de alguma ordem místico-religiosa. Reconheço os rostos, são meninos que estudavam comigo no colégio, Bruno, que parecia o “chefe”, começa desajeitado, a fazer gestos como se estivesse a “benzer” o ambiente, o outro, Artuzinho estava tocando algum instrumento.

Eu vestia uma camisa preta, não lembro bem o que tinha escrito nela, e segurava um mala. Qual não foi o meu medo quando apareceram homens também de preto, com máscaras horríveis no rosto, tentei me esconder pra que eles não percebessem que eu estava vestida com aquela camisa, afinal não sabia o que estava escrito nela.

Estou agora na rede, com Caio, Rafaz e mais um menino. A rede está toda escrita de caneta, não sei bem o quê. Ela também está rasgada. Começo a beijar o menino.

Estou agora numa cobertura de um prédio antigo. De lá se vê muitos prédios e muitas luzes. Tem um telão na frente de parte da paisagem que reproduz imagens parecidas com as que se via na realidade. Uma criança com rosto de pessoa vivida se senta ao meu lado, e não diz nada, mas entendo o que ela me fala. Ela diz que é difícil conseguir enxergar tudo o que se vê quando a paisagem tem tantos elementos. Eu comento que isso é ainda mais difícil, quando se tem, além da paisagem, a televisão. Começamos a ver signos maya no computador e Lilian diz que é melhor olharmos em algum site da universidade, que seria mais sério. No céu aparecem uns discos dourados brilhantes. Estou deitada num chão meio molhado. Aparece uma menina e diz que tinha ido no show da noite anterior, que não tinha entrado, mas tinha encontrado as pessoas, ela é baixinha e veste uma saia jeans. O menino que havia me beijado na rede também diz que apareceu na frente do show, porque pegou o ônibus e o cobrador disse pra ele descer ali, ele pensava que tinha chegado em casa e desceu. Não tinha dinheiro pra entrar e não entrou.

Agora estamos na escada, eu e Pedro Amador, dei a ele um pedaço de bolo de ameixa e um copo de leite. Ele diz que estava mesmo com fome, e que aquilo vai ser bom porque tem sustança. Eu pergunto, então se ele quer que eu pegue umas rosquinhas integrais e ele diz que aceita. “De que?” Ele responde algumas frutas de que não lembro o nome. Ele já está me esperando no carro. Eu desço, lembro que tinha esquecido meu óculos vermelho, tinha pego o preto. Subo para buscar, resolvo trocar de roupa, colocar uma saia mais fresquinha. Esvazio minha bolsa que tem muitos objetos tecnológicos: câmeras, mp3, celular. Lembro de pegar o cd de Novos Baianos que nem sabia que tinha aqui em casa, pergunto a Carol quem comprou, ela disse que tinha sido ela que tinha comprado a Michele, nunca ouvi falar dessa Michele. Desço as escadas e Pedro Amador tá vestido de mulher, a gente ia pra uma festa em que homens se vestiam de mulher e mulher de homem. Encontramos Gabi e Juliane na escada que tiram brincadeiras. Eu não tou vestida de homem, tou com uma blusa roxa e calça jeans que não tenho.

sábado, maio 09, 2009

Coisas de criança.

Tem coisa mais bonita do que você ser sorveteiro? Ela disse uma vez aos amigos, eles riram. Mas era mesmo. Profissão tão poética! Ela lá no balcão, esperando sua vez, a sorveteria lotada e ela rindo sozinha pensando nisso. Um vinha e dizia: “Eu quero um amor-perfeito” O outro: “Eu quero coco com morango”. Tudo bem que essa sorveteria não era a das mais comuns, tinha um bocado de sabor inventado, mas todas tem lá o seu quê serelepe. (Existe palavra mais infantil que serelepe? A pessoa imagina logo um menininho pulando, ou então Rafaz se sacudindo daquele jeito engraçado que ela faz).

Mas voltando, imagine você ser sorveteiro? A pessoa pergunta, você trabalha com quê? Ele: “ eu vendo menta com chocolate”, “amendoim com baunilha”. E as perguntas freqüentes de trabalho: “com casquinha ou sem casquinha?”. Bem diferente de: “Vai pagar no cartão ou à vista?’ Aí fiquei lá só observando aquele cara bem grandão, forte, segurando o sorvetinho, todo enfeitadinho e pensando nisso, ele percebeu e deu um sorriso em troca – eu, desconfiada que sou, penso que ele está retribuindo uma paquera fictícia.

Do mesmo jeito é você ser pipoqueiro, e fazedor de algodão doce então!! O pipoqueiro vende pra criancinhas no parque, pra casais de namorados antes do cinema. E o que é a pipoca? O próprio nome pipoca já é engraçado! Acho que foi uma criança que inventou.E a pipoca em si também, “É um monte de nada”, como já dizia Xuxa! É comida pra fazer graça, pra deixar salzinho na boca. Do mesmo jeito é salgadinho, só serve pra você mastigar, mas no fim num fica nada, só uma melequinha salgada na sua boca. É igual a algodão doce. Só que o algodão doce é mais vistoso, chega dá gosto de olhar de bonito que é, tanto o do pauzinho, que a gente compra em shopping, quanto aqueles mesmo de saquinho que se vende na rua, que minha mãe sempre dizia que não ia comprar porque as pessoas que vendiam sopravam pra encher o saquinho. Nunca entendi direito esse motivo. Algodão doce parece nuvem! E aqueles pirulitos de cera, bem grandões que também vendia na praia? Grudava que só no dente mais a gente adorava. E maçã-do-amor? Sempre me encantou, tão bonita, brilhante que só. Quem será que inventou?

Outro dia tava pensando no sabor “tutti-frutti”, vi a quantidade de tês duplicados e elucubrei: “Essa palavra deve ser italiana, meu deus! Então tutti frutti quer dizer “todas as frutas”. Imagine só, um sabor que consegue reunir todas as frutas do mundo inteirinho? Só pode ser muito mágica mesmo. Mas no fim das contas ela tem gosto é de chiclete. Ou é o chiclete que tem gosto de todas as frutas? Mas no fim das contas num gosto não, ô gostinho enjoado! Lembrei de quando Gabi era pequena, que leu o rótulo do cigarro e começou a tirar eles todinhos da embalagem, aí a mãe dela perguntou o que ela tava fazendo e ela “Tem escrito aqui: contem, vinte cigarros, aí eu fui contar..”

quinta-feira, maio 07, 2009

Janaína hoje, diferentemente dos últimos dias, acordou cedo. Colocou o despertador justamente pra isso. Ela ia ver seu professor falar. Mas algo aconteceu que ela resolveu não ir mais, ela começou a ter pensamentos negativos e pensou que devia parar de tê-los. Então a menina ficou em casa, querendo limpar sua mente. E ficou e ficou, até que começou a relaxar. De tarde, ao falar com seus amigos, resolve que vai vê-los todos, a eles e ao professor. Quando chega começa a surgir nela um misto de sentimentos que ela não consegue explicar, tem vontade de chorar, escreve algumas linhas. Assiste a palestra. Vê muitas pessoas e fica desconcertada, alegre, insegura, segura, tudo ao mesmo tempo. Parece que ela tinha se desacostumado a ver gente. Agora só fazia ficar em casa ou ir pros mesmos lugares e ver as mesmas pessoas. Num sabia mais como era isso de ver um bocado de gente que ela num esperava. Conversa com seu amigo que tá triste, tem tantos amigos tristes!

Vai pra casa e não consegue se aquietar, tudo mexe lá dentro dela. Não sabe ao certo o que foi. Sente calor e frio, calor e frio. Não que ela um dia tenha duvidado da relação entre o físico, o espiritual e o pscológico, mas hoje sentiu bem na pele o fato, acha até que vai ter febre. Será que foi o que o professor disse? Ela sabe sim, que esse foi um dos elementos que a deixaram assim. Ele sempre falava muitas coisas que ela acreditava, e que mexiam muito com ela. E, ao ponto que ele falava ela ia reconhecendo os pontos em comum com o que estava lendo e deveria estar escrevendo, mas não conseguia. Parece que aquilo era tão certo pra ela, tão verdade e ela tinha tanta vontade de escrever tudo aquilo que não conseguia. Só ficava sonhando com o dia em que seu texto estivesse pronto, ia ser lindo!

Dia desses tinha ido na livraria com o amigo. Pegou um livrinho e leu um conto. E se lembrou de como ler é bom. A literatura era mesmo a melhor coisa já tinham inventado! E era por isso mesmo que seu texto a deixava tão ansiosa, por que falava de literatura também. E quando você fala de coisas queridas, você sempre quer o melhor, por isso é tão difícil. Ela lá, sentada, e aquele outro mundo lhe entrando pelos olhos, percorrendo seu corpo todo, chegando até no coração. Era tão bonito isso. E o pensamento fazia cosquinhas de bonitinho que era. E foi assim que Janaína descobriu uma outra escritora, Ligia Fagundes Teles.

domingo, maio 03, 2009

Feijãozinho-planta



João é um amor que incrustou aqui dentrinho dentrinho de mim, que brilha, que faz cosquinhas e que me faz crescer também.Às vezes ele parece grande que só, parece um adulto, mas ele num é não, é criança também. Ele é uma criança louquinha, que faz "Rá" e imita cangaceiro. Mas quando é adulto diz coisas bonitas. Às vezes diz coisas que ninguém entende também, só ele.Ele é bonitinho que só, parece um feijãozinho mágico daqueles que vivem pulando. Um dia encontrei esse feijaõzinho e não quis mais que ele fosse embora não. Ele até já virou uma planta aqui dentro! Em cada galho tem um tipo de flor diferente, todas medicinais.

Tem alguma coisa que num me é estranha nessa história, um menino chamado João, que é uma semente de feijão e que vira uma planta... Parece com aquela historinha, mas nessa o menino vira ele próprio o pé de feijão e cresce é dentro das pessoas. E no que ele cresce, cada uma das flores medicinais tem o poder de curar o problema que a pessoa tiver naquele momento, é um remédio eterno pra qualquer tipo de doença! Tem uma que se chama “flor de abobrinha” que serve praquelas pessoas que são muito tristes, tem outra que o nome é “flor de chocolate”, é pras pessoas amargas, e tem uma também que é “flor de tartaruga”, que é pra acalmar... tem tantas quanta a sua imaginação puder criar. Elas são assim, brotam quando a pessoa inventa!

Mas João-feijãozinho-planta num mora só em mim não, ele mora também dentro de um bocado de gente, uma dessas pessoas é Rafa-rouxinol. Ele acorda todo dia de manhã com vontade de cantar, mas só em francês, que ele é chique. Rafa é um passarinho muito do amoroso, todo dia trás um pouquinho de alpiste pra João comer. Pena que ele num gosta de alpiste, só toma água, vive fazendo jejum. Um dia Rafa-rouxinol teve uma idéia melhor, ia trazer um pedacinho de fita vermelha que ele tinha achado por aí pra ver se João queria amarrar no galho, era um enfeite bonito que só. Só que quando Rafa tava vindo com ela no bico, veio um passarinho enxerido e roubou a fitinha. Rafa, brabo que só ele foi atrás. Ele, que sabia usar muito bem a sua voz quando queria, dessa vez desafinou de propósito. Soltou tanto grito que o passarinho de enxerido passou logo a envergonhado, soltou a fitinha e foi-se embora pra nunca mais voltar! Rafa, orgulhoso, amarrou a fitinha no galho de João e disse: “Eu quero ver alguém tirar!’

Outra que tem João-feijãozinho-planta num vasinho branco lá pertinho do coração é Yvana-pica-pau. Essa daí é tão diferente dele que ninguém sabe como os dois se entendem, só sei que se entendem, e bem que só ainda mais. Yvana aprendeu a não mais bicar as árvores alheias, em respeito a seu amigo planta, enquanto ele, aprendeu com ela a se enraizar bem no chão pra nunca cair, mesmo que venha um vento muito forte! Os dois passaram a se dar tão bem que resolveram construir uma casa pra morar juntos! Yvana andou passeando lá pelas árvores que outro João mora, o João de barro, pra aprender a arte da construção. Toda vez ela aprende um pouquinho e vai lá contar pro amigo. E assim vão indo, a casa já ta quase pronta, vai ser inaugurada daqui a pouco, Rafa ta até organizando uma cantoria com os outros rouxinóis pra o esperado dia.

A casa vai ser num lugar chamado Coque, vai ficar do lado de outra que já tem lá, pra onde João gosta de ir, ela é toda colorida e gosta de cantar muito, tem uma voz bem grossa que ecoa por todo o Coque. Essa casa parece que tem um sol dentro, que espalha o calor e o brilho pelos arredores. Por isso que João quis construir a casa dele lá perto, pra juntar as energias boas.

João-feijãozinho-planta tá no coração de tanta gente que se for contar a história de todas num vai caber nesse texto não. Então, digo só que ele ta verdinho verdinho nos corações alheios, bem florido e com um poder curador que só vendo!

sexta-feira, maio 01, 2009

Coisas que só Belch faz...

As realmente ímpares:

"Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando você entrou em mim como um sol no quintal"

"Oh meu coração lobo mau não aguenta"

"Quero a sessão de cinema das cinco
Pra beijar a menina e levar a saudade
Na camisa toda suja de batom"

"Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente"

"Foi por medo de avião
Que eu segurei
Pela primeira vez
A tua mão"

"Olha-me, oh, yes! oh, yes!
Brasileiramente linda, oh, yes! oh, yes!"

"a eletricidade desta cidade
me dá vontade de gritar
que apaixonado eu sou."

"Minha normalista linda
Ainda sou estudante
Da vida que eu quero dar..."

"O que é que eu posso fazer - um simples
cantador das coisas do porão?"

As de gritar:


"Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso
Eu vos direi no entanto:
Enquanto houver espaço, corpo e tempo e algum modo de dizer não
Eu canto"

"No Corcovado, quem abre os braços sou eu
Copacabana, esta semana, o mar sou eu"

"No apartamento, oitavo andar
Abro a vidraça e grito, grito quando o carro passa
Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu"

“Amar e mudar as coisas me interessa mais”

As bonitinhas:

"E lágrima nos olhos de ler o Pessoa
e de ver o verde da cana.."

"Olha para o céu: tira o teu chapéu
Pra quem fez a estrela nova - que nasceu"

Falou e disse:

"E no escritório em que eu trabalho
e fico rico, quanto mais eu multiplico
Diminui o meu amor"