segunda-feira, agosto 17, 2009

Janaína tava andando, com aquele vestidinho de algodão, leve, que deixava o vento tocar seu corpo e ia sentindo o sol quentinho lhe aquecer. Fazia tanto tempo que ela não sentia essa sensação de que o sol existe. Tinha ficado muito tempo em casa, por isso passou esse tempo triste. O sol lhe trazia a sensação de que a alegria existe, e ia preenchendo ela, e fazia ela se mover com mais vontade. O mundo parecia muito bonito nesses dias, o ônibus tava cheio porque todo mundo queria ir pra praia. Era tão bom ir pra praia! Ela lembrava quando era ela que fazia isso com as amigas. Passar o dia lá, tomando sol, sentindo a brisinha, conversando, tomando banho! E era de graça, por isso que era o passatempo predileto de tanta gente. O céu tava bem azulzinho, as nuvens bem desenhadinhas, em floquinhos. Ela começou a sentir a alegria de novo, tinha esquecido que ela existia, naqueles tempos de melancolia chuvosa, de só perceber tristeza nos rostos. Agora ela cantava com força e sorria, e dizia que queria se consumir como uma vela, era essa mesmo a sensação que ela tinha, ela sumia e sobrava luz. Ela voltou a lembrar também de quem ela era, lembrou que gostava muito de literatura, mas ao mesmo tempo sofria com isso, porque ela fazia com que ela só se sentisse feliz ou quando tava lendo ou escrevendo... e não sabia como resolver esse impasse.. Ultimamente também ela tava percebendo mais do que nunca a fluidez do mundo, tudo é aberto e você vai construindo. As pessoas é que estão muito acostumadas em ir pelo caminho mais fácil, de se inserir em caixinhas. Mas ela estava num caminho sem volta, a partir do momento que percebeu a existência das caixinhas não conseguia mais entrar em nenhuma delas. E isso a deixava meio perdida no mundo. Ao mesmo tempo que achava muito bonita a fluidez, a possibilidade de se construir aquilo que a gente quiser, também achava isso muito difícil, e não sabia se conseguiria. Aí pensava que seria muito mais fácil se ela nunca tivesse pensado em nada disso, viveria e pronto, como Alberto, sem pensar no porque das coisas. E ficava nessa dança, de querer entrar nesse mundo novo, cheio de mistério e de perceber como é difícil entrar nele.. Mas pelo menos agora se lembrava da existência da felicidade, isso ajudava um pouco.