terça-feira, dezembro 30, 2008

No jardim.


Num jardim não muito distante daqui mora Carol, lá pras bandas de Olinda. Ela não vive só, tudo o que faz compartilha com sua família, Elizete, sua mãe e Amanda, sua irmã.

Carol mora na frente de uma casa bem bonita, toda colorida, onde bate o ventinho do mar. Ela mora em frente à casa? Éee. Carol, sua mãe e sua irmã são três flores, que, faz algum tempo moram ali, ao lado de lagartos formigas e outros bichinhos do jardim.

São três girassóis, três flores que guiam suas vidas pelos raios do sol. Carol é forte que só vendo, venham tirar ela dali, do lado de sua família e de debaixo do sol pra ver o que acontece! Mas ela também é bem doce, perfumada e iluminada, com suas pétalas grandes, amarelas.

A felicidade maior que Carol teve foi quando Amanda derrubou uma sementinha no chão, e, não se sabe como, nasceu uma borboletinha linda, o nome dela é Juju. Juju adora pular de florzinha em florzinha e sacudir suas asinhas que ela aprendeu a pouco tempo a bater.

Elizete, o maior dos girassóis desse jardim também ficou muito encantada com o acontecido. Ela vai deixar Juju, mesmo não sendo um girassol, igualzinha às filhas, assim, fortes e radiantes. Muito da firmeza de Carol veio dela, de Elizete. Ela tem as raízes bem fincadas no chão e ensinou muito a suas filhas dos caminhos da vida.

Já Amanda ensinou a Carol como ser feliz dançando. Acredite se quiser, mas Amanda é sim um girassol dançante! Desses difíceis de achar, mas que quando encontrados deve-se dar muito valor.

Ela dança e leva todas as tristezas bem pra longe, a cada movimento seu, o ambiente, de escuro passa a ficar clarinho clarinho, tão branco que chega a doer nos olhos. Amanda também tem a habilidade de fazer tudo o que você conseguir imaginar com o papel, ela consegue imitar todos os animaizinhos e plantas do jardim com suas réplicas!

E Carol não fica por menos, mas tem uma outra mania, a de pintar. Já pintou quase todo o jardim. Lá tem árvores de todas as cores, verde, rosa, amarela. Carol também desenha florzinhas onde não tem. Chega até a confundir as abelhas coitadas!

Mas o que Carol gosta mesmo é de desenhar arco-íris. Uma vez viu um no céu e achou tão bonito todas aquelas cores juntas. Ela que tanto gostava de pintar descobriu naquele dia cores que nem imaginava que existiam.

Desde então é isso que Carol faz. Ela pede emprestado a cada flor, a cada bichinho do jardim, uma pétala, uma casquinha dos insetos quando eles as trocam, pra fazer suas tintas. E assim, ela sai por todos os cantos pintando arco-íris e dando a dimensão da beleza das cores para quanto mais gente, bicho, planta puder ver!

quarta-feira, dezembro 17, 2008

trechos de "A insustentável leveza do ser"

"Tereza sabe que é mais ou menos assim o instante em que nasce o amor: a mulher não resiste a voz que chama sua alma amedrontada; o homem não resiste à mulher cuja alma se torna atenta à sua voz".

"Aquilo que o “eu” tem de único se esconde exatamente naquilo que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar aquilo que é idêntico em todos os seres humanos, aquilo que lhes é comum. O “eu” individual é aquilo que se distingue do geral, portanto aquilo que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, aquilo que precisa ser desvelado, descoberto e conquistado do outro".

"Todos nós temos a necessidade de ser olhados. Podemos ser classificados em quatro categorias, segundo o tipo de olhar sob o qual queremos viver.
A primeira procura o olhar de um número infinito de pessoas anônimas, em outras palavras, o olhar do público (...)
Na segunda categoria estão aqueles que não podem viver sem ser o foco de numerosos olhares familiares. São os incansáveis organizadores de coquetéis e jantares, mais felizes do que os da primeira categoria, que quando perdem seu público imaginam que a luz se apagou na sala de suas vidas. É o que acontece a todos, mais dia menos dia (...)
Vem em seguida a terceira categoria, aqueles que têm necessidade de viver sob o olhar do ser amado. A situação destas pessoas é tão perigosa quanto a daquelas da primeira categoria. Basta que os olhos do ser amado se fechem para que a sala fique mergulhada na escuridão (...)
Por fim existe a quarta categoria, a mais rara, a daqueles que vivem sob o olhar imaginário dos ausentes. São os sonhadores".