sexta-feira, maio 18, 2012

Ideias soltas

Felicidade, que gosto tem essa palavra? Gosto de riso de criança, de chuva caindo no telhado, de ver filme de mão dada? Ou gosto de vermelhidão profunda, de parto, de Elis cantando com voz rasgada?

Vim aqui nesse blog escrever pra poder inventar frases que me trazem felicidade só de eu dizê-las. Assim, da mesma felicidade que Milton me traz quando eu escuto ele cantar aquela música "Tudo o que você devia ser", ou qualquer música de Clube da Esquina. Parece que é mesmo uma especialidade desses mineiros, né, cantarem de mansinho, e conquistarem um canto no coração da gente.

Mas voltemos às palavras... Elas podem fazer a gente feliz, é só inventá-las do modo certo. Pra quê ficar inventando nome feio, que traz dor? Eu mesma, no meu blog, que é meu, só escrevo arco-íris, algodão-doce e musica de pir lim pim pim. "Mas Maria, isso aí é tão doce que chega enjoa só de pensar", vocês devem estar aí querendo me dizer.Tá certo, uma eu em mim diz isso, mas a outra sabe que uma vermelhidão às vezes também é boa.

Agora meu cachorrinho passou, trouxe na boca um osso que achou no quintal. As pessoas imaginam que os cachorros fazem isso simplesmente porque querem comer. Ledo engano.. os cachorros, minha gente, têm o osso como um tesouro, um objeto de afeto, assim como a gente guarda a jóia da vovó naquele porta-jóias antigo. (Se bem que eu acho que ninguém na vida real faz isso, só nos filmes, mas imaginemos que elas fazem..) Assim, os cachorrinhos guardam esses ossos como guardamos nosso álbum de retratos, toda a memória deles, tudo que eles possuem estão ali, nas dentadas marcadas no osso. Cada dentada, um fato de suas vidas: o dia em que sua dona chegou de vestido vermelho balançante, o dia em que ganhou um pedacinho de bolo de rolo, o dia em que lambeu as partes de Dorotéia quando ela tava no cio... O mesmo acontece com o novelo de lã dos gatos, mas não vou entrar em detalhes, é só vocês usarem as mesmas regras dos cachorros.

Aí eu volto pra cá, me vejo escrevendo palavras mais uma vez, já que nada disso aconteceu de fato, mas será que o fato de eu estar aqui escrevendo é real? Que mãos são essas que, por hora, teclam? Estão comandadas por quem? A pergunta do quem sou eu é insolúvel, todos sabemos. Então, quem vos escreve é um buraco negro, um vazio branco de pensamentos soltos e alheios. Tem um autor que diz que as ideias vêm de uma fonte no mais profundo de nós mesmos. Então é isso, há apenas essa fonte, imagino uma fonte de água, sediada no nada, de onde brotam palavras e imagens. A água é límpida na origem mas vai ficando cada vez mais turva, cada vez mais turva, cada vez mais turva...

Sentir. Só sentir. Sem racionalizar. Você consegue? Sentir a energia fluir no seu corpo, viver sendo levado pelo corpo, comer o que o corpo pedir, namorar quem o corpo quer..

Afeto. Será que o segredo da vida é viver pelo afeto? Se eu consigo viver sem afetar ninguém e sem me afetar, faz sentido?