terça-feira, dezembro 04, 2012

Hoje, ali, olhando aquela poesia em forma de bonecos que se moviam com a sutileza de mãos femininas bordando o vento, ela se lembrou de seu amor do passado, do gosto de tristeza que ficou... Ela acha que até poderia construir uma vida com ele, mas ele precisaria acessar elementos em si que ela não sabe quando ele conseguirá, ela não sabia se um dia isso irá acontecer, mas prefere ser otimista e desejar que sim. Parece que ela não iniciou mesmo um novo ciclo amoroso - era assim que ela sentia.. Será que isso teria a ver com o tempo? O tempo que passou junto a ele, que dividiu o cotidiano.. Será que era mesmo isso que mais importava? A memória.. ela sempre ia e voltava em suas ideias e retornava para essa em específico.. a memória.. Mera soma de fixações que não deve levar tão em conta? Ou soma de afetos que produzem quem somos hoje? Será mesmo importante juntar esses cacos do passado? Trazer tudo à tona de novo? Ou estar sempre construindo um novo presente, livre de tudo isso? Ou essas duas coisas também não precisam estar separadas? Então juntar os cacos com liberdade, vendo tudo com ludicidade.. Seria assim? Aí ela se lembra mais uma vez de Manoel de Barros, aquele velho eterno menino, que resolveu inventar suas memórias! Isso sim é lidar de forma livre com aquilo que passou! Será que é assim? Num sei, só sei que acho tão bonito ver ele falar dos insetos e das coisas imprestáveis e da arte da palavra.. Ele sou eu no meu eterno presente. Isso eu sei, sempre serei ele. É só buscar lá dentrinho de mim que acho aquele velho menino. Assim, toda vez que me perco, pego as memórias inventadas dele e me acho de novo. Pelo menos esse amuleto eu tenho.

Um comentário:

Altiere Freitas disse...

tudo passa e se expande e retorna sempre. O que não é dito... o que é resposta. Deusa, força que origina tudo. Pobre diabo no oco de tudo... enfim... tão bonito!