quarta-feira, setembro 10, 2008

As travessuras da menina Cícera



Era uma vez uma menina magrinha e danada chamada Cícera. Tudo ela se metia a fazer. Tanto que o povo dizia: Essa menina é um pé de mesa. E Cícera sou, sou um pé-de-mesa!

Era a mãe dela dizer: “Eu queria fazer um docinho e num tem.. quando passar uma pessoa eu vou mandar balançar o pé de caju” Que nem precisava esperar alguém passar pra tirar o caju, Ciça não pensava duas vezes: “Tanto caju, num caiu um ainda.. Eu vou subir no pé!”

Era cada caju roxo e doce! Cícera subiu e balançou pa-pa-pa-pa-pá. E a mãe dela ouvindo o barulho: “Um vento desses Maria José – que era a irmã de Ciça – Pega uma bacia, vai apanhar caju minha filha!” E Ciça lá em cima no pé: “Ai, eu vou apanhar, vou apanhar mesmo!”.

De lá mesmo Maria José gritou: “Mãaae, num foi o vento não! É Ciça que ta no pé caju!” e a mãe lá de dentro: “Ai meu Deus! Ela vai apanhar! Eu num mandei ela subir aí pra num cair!

Tinha um bocado de caju no chão, dava uma bacia meinha! Maria José apanhou tudinho. (Ciça): “Pega a bacia de caju sua nega, que é pra mãe fazer o doce. Você me paga!”Ciça, com medo, ia simbora pro beco. E a mãe dela: “Cadê Ciça?”(irmão): “Ciça ta ali no beco sentada.” (mãe): “Apois, chame ela pra dentro, pra lanchar. Eu vou dar uma bolachinha a ela”. E Ciça aliviada. Essa tinha sido por pouco!

Ciça parecia uma macaquinha, subia em pé de caju, pé de coco, tudo ela sabia! Ela morava com os pais e irmãos em Aliança, uma cidade do interior. A mãe dela criava tudo que era bicho, vaca carneiro, pato, galinha, peru! Ela chupava manga, jaca, cana, tudo tinha!

Outro dia a mãe de Ciça: “Eu tô doida pra comer jaca” e o que é que Ciça fez? “Eu vou subir no pé de jaca. E tu bota o olho em Maria José”, falou pra o irmão, companheiro de suas travessuras e mocotó..subiu no pé de jaca ton ton ton ton..

Aí disse assim: “Essa jaca tá madura, eu num vou tirar essa não. Tem duas lá em cima olha, pia praí! E Cícera pensou “Eu vou tirar as de lá de cima, as maiores que tem, as duas bichonas!”Ela subiu no pé de jaca e a galha da jaca se quebrou! pa-pa Ciça se abraçou com a jaca assim.. e o galho –u-u-u-u bou! Ela caiu em cima da jaca! Tinha caído a jaca maior do mundo!

O irmão de Ciça correu pra pegar água pra eles tomarem, trouxe um tonel de água e Ciça em cima da jaca. Ela tomou a água e só escutou Maria José dizer: “Mãaae foi Ciça!” Nessa hora Ciça pensou “Tô perdida”.

Dona Belarmina, mãe da menina falou logo aflita: “Ela caiu de cima pra baixo. Ela morreu..” e Maria José: “Morreu não mãe, tá aqui!”. Ciça pensou : “E agora?”, ainda deitada em cima da jaca. Mas não teve dúvida, disse logo provocando a irmã: “Pega a jaca e leva pra mãe comer e venha buscar a outra viu? Ela num queria comer jaca? Tem jaca!”

Maria José, que conhecia bem o gênio de Cícera colocou a jaca enorme na cabeça e levou pra mãe. E a mãe dela: “Cadê Ciça Maria José? E a menina respondeu: “Ela ta lá no pé de jaca”. (mãe): “Ela num subiu nadinha não?” (irmã) “Sei não mainha, sei não, sei não, sei não”.

Maria José foi lá pegar a outra jaca, como Ciça tinha mandado e a mãe surpresa: “Foram duas jaca?” (Maria José) “Foi.. duas jacas mainha! Tinha uma galha de jaca fina, ela foi subir e a galha se quebrou”. Enquanto isso Ciça lá fora: “ Eu é que num entro dentro de casa!”.

Dona Belarmina abriu as jacas. Cada jaca boa! Nesse tempo era cada jaca boa! E Ciça com vontade de comer.. Resolveu esperar o pai “Ela vai ter que me dar”. Daqui a pouco lá vinha o pai com a enxada. (Ciça): “Ô pai, eu caí com uma jaca, duas jacas em cima de mim!” (pai) “Minha filha, num fale isso não! A sua vida é doce quando morrer acabou-se!”. Aí a menina se justificou: “Não pai, mainha disse que queria comer jaca aí eu subi no pé.” E o pai dela em tom de briga: “Belarmina quer comer caju e tu sobe no pé, se ela quer comer jaca tu vai subir também é? E ela te matou a pau? (Cícera): “O senhor num deixa ela dar em mim não?” (pai): “Não, deixo não”.

Entrou em casa, as jacas estavam lá, uma aberta e a outra inteira. Então, o marido falou, com seu jeito manso de sempre: “Ta comendo jaca né veia?”. Belarmina respondeu enraivecida: “Tou, tu num sabe de nada! Olhe, essa tua filha! Essa menina é o pé de mesa! Num diz e num assopra, num diz e num assopra!” E o marido, sem nenhum sinal de raiva: “Tu comesse jaca? Tudinho comeu jaca? Encheu a barriga, matou a vontade de jaca?” (mulher): Foi. (marido): “Tu vai dar na menina?” (mulher): “Eu ia dar uma lapada nela de peça de corda!” Então o marido já ficando enraivecido falou: “Num dê nela não, ela bota a fruta dentro de casa, tudinho dentro de casa e vocês comem! E continua, agora voltando a sua calma normal: “A sina dela é essa mesmo. Deus num deu a sina dela? Deixa ela subir no pé de jaca, deixa ela cair”.

Só nessa hora é que Cícera entrou em casa, ainda com medo. Aí a mãe falou contrariada: “Venha pra dentro que eu num vou dar em você não!” E Cícera desconfiada: A senhora num vai dar mesmo não? (mãe): “Não, não, vou dar não”. E o pai continuou : “Venha,entre , senta aí e coma jaca”. Ciça pegou um taco de jaca, comeu, e ao mesmo tempo que comia olhava de banda para a mãe com medo.

E a história num parou por aí não. Cícera não queria nem saber se ia apanhar se não ia, continuava subindo nas árvores pra pegar frutas. Da primeira tinha escapado, da segunda o pai estava lá pra defender. E agora, será que Ciça vai apanhar ou não?

Ouviu a mãe dizer que queria peixe de coco. Disse logo ao irmão: “Vou subir no pé de coco!” (irmão): “Suba não Ciça, tu vai apanhar!” Mas dessa vez ela tinha tido uma idéia: “Eu entro no mato e num apanho! Só chego em casa quando meu pai chegar!”.

Subiu no pé (pa-pa-pa-pa-pá) até o olho do pé de coco. Tirou os cocos e eles tudo caindo (pa-pa-pa-pa-pa-pá). Era perto da casa dela. A mãe da menina, sem perceber que mais uma vez a danada tinha subido no pé disse assim: “Oxe, o vento ta botando coco a baixo! É até bom, vou fazer peixe de coco amanhã”. E gritou: “Maria Joséeee, vá Maria José apanhar o coco!

A irmã da menina chegou e Ciça: “Se esconde, se esconde”, falou pra o irmão. “Vamos se esconder detrás do mato!” E Maria José ainda sem ver os dois: “Oxe, o coco caiu todinho!” Ciça tinha pego uma folha de coco e estava lá embaixo, mas não adiantou, a irmã olhou pra cima e viu o pé da menina: “É tu que ta no pé de coco!”. Ciça braba como sempre disse: “Se você disser a minha mãe eu pego um coco e mato tu com ele na cabeça! A irmã disse pra Ciça: “Não eu num vou dizer.. eu num vou dizer não!” Mas chegou em casa com a língua coçando e disse pra mãe: “Mainha, tem muito coco no chão, tudo maduro. Sabe quem tirou? A senhora num sabe quem ta no pé de coco! A mãe, que a essa altura já estava desconfiada: “É Ciça! Eita que menina da moléstia, essa menina”.

Na casa de Cícera todo mundo tinha que trabalhar, como dizia a mãe dela “Pra botar comida dentro de casa”. Ciça limpava mato, lavava roupa, pescava, mas o que não gostava mesmo de fazer era cortar palha de cana, dizia manhosa pro pai: “Tou cansada pai, eu tou toda cortada.. esse sol quente!” O pai sentindo dó mandava as meninas todas pra casa: “Pronto, essa semana nenhuma vai. A ordem é minha! Num vai nenhuma. Antônio mais José vão, os dois rapazinhos. As três meninas num vão não”.

Mas não era sempre que Cícera conseguia fugir do trabalho, com raiva da mãe um dia se vingou. No sábado todos iam pra feira vender potes de barro. Quando eles estavam subindo a ladeira com os potes Cícera (pei) jogou o pote no chão. O irmão dela, já sabendo da armação, mentiu pra mãe: “Ô mainha, Ciça caiu, levou um baque, quebrou o pote”. dona Belarmina, que sabia a filha que tinha disse: “É mentira dela, ela quebrou por que quis! Vamo simbora apanhar!”. E o pai de Ciça, sempre defendendo a menina: “Por que tu dá nessa menina Belarmina? Num dê nessa menina não Belarmina!”. E a mãe com raiva: “Essa menina tem o couro no osso, ela é ruim demais!”

Uma vez Cícera apanhou por que estava brigando com a irmã e ela foi reclamar pra mãe. A menina, que nunca tinha se dado bem com Maria José armou mais uma das suas. À noite, ela pegou o candeeiro, colocou embaixo da rede. A irmã estava rón rón rón. Cícera abriu as pernas e to-lo-lo-lo-lo-lo-ló na boca dela. Fez xixi na boca da irmã! Então, Ciça se emborcou dentro da rede, pra se esconder dos pais. A mãe dela fez assim dentro de rede vuuufo: “Ela ta acordada” e o pai respondeu: “O quê? Essa menina dormindo, ta roncando!” Cícera feliz, depois contou pro irmão: “Eu mijei na boca dela, mijei na boca dela! Ela estava tão contente, tão contente!

Ciça sempre foi corajosa, tão corajosa, tão corajosa que acredite quem quiser, mas um dia ela lutou até com uma cobra! Ela tava cortando as palhas de cana quando achou uma, era dessas cobras ruim, essas cobras brabas. Ciça pegou a enxada e pan-pan-pan-pan, começou a bater na cobra e a cobra com medo de Ciça. Ela dava cada bote! (susurrando) Ela fazia assim com o rabo pra enlaçar a menina. Ciça meteu a enxada na cabeça da cobra, daqui a pouco ela nem barriga tinha mais. Ela pegou a enxada e deu o golpe final, a cobra morreu.

Então, Ciça pegou um cipó e deu um laço que passava pela cabeça, pelo gogó da cobra, e depois pela cabeça de novo. Foi quando ela escutou o irmão lhe chamar: Ciçaaa, Ciçaaa. (Ciça): Oi, tou na sombra! Peraí, vem cá, me acode aqui!

Como quem mata a cobra tem que mostrar o pau, Ciça pegou a cobra amarrada e colocou numa vara. Ela era dessa grossura! Ela podia até ter matado, engolido Ciça de tão grande!

Então, Ciça levou a cobra pra casa e mostrou a todo mundo, tudinho ficou com a boca aberta: “Que menina! Mas dona Belarmina, a senhora num tem uma menina não viu? A menina tem fé mesmo, a menina tem coração pra engolir um viu?” Foi quando Dona Belarmina se deu conta do perigo da situação: “Quem matou essa cobra?” (irmão): “Quem foi mainha, num foi Ciça?” (mãe): “Virgi Nossa Senhora da Conceição, que menina! Deus mandou essa menina pra terra pra atentar, pra lutar”. E Ciça respondeu: “Pra lutar mesmo! E a senhora num vai dar em mim não viu? A cobra ia me engolir, eu engoli a cobra!”

A cidade toda tinha ido lá ver o feito de Ciça. E cada um que passava falava assobrado: “Mas dona Belarmina, a senhora num tem uma menina não viu? Que menina! Ela tem muito gênio viu!? Matar uma cobra dessa dentro da cana!? E Dona Belarmina perguntou ao marido: “Homi, o que é que vai fazer com essa cobra?” (marido): “Enterrar ela e matar a espinha”. Então o pai de Ciça enterrou a cobra. Depois desse dia Ciça disse que nunca mais ia pra palha de cana. A mãe deixou, mas disse que no lugar ela fosse apanhar café. Ciça preferiu. Depois desse dia ela pegava duas cabaças, colocava uma lá outra cá e ia apanhar café.

Se vocês pensam que as traquinagem de Cícera acabaram vocês tão muito enganados! Um dia ela tava com vontade de comer peru só que a mãe disse que ia matar a galinha. Mas a vontade era tanta que a menina teve uma idéia: pegou um pedaço de pau e pou pou no peru e o peru troooon tu-lu-lu-lu-lu e ela pa-pa-pa-pa-pa-pa-pa.

O irmão dela, como todas as vezes estava dentro do plano, aproveitou que o galo era brabo e chegou pra mãe: “Eita mãe, o galo deu uma pisa no peru. O peru: Tun aí o galo: taaa. Matou o peru”. E a mãe desconfiada: “Cadê Ciça?” (irmão): “Ciça num ta aqui não mainha”. Ciça que num era besta tava era escondida.

Dessa vez Dona Belarmina tinha acreditado mesmo na história, resolveu dar um fim no galo e criar outro. Ciça só faltava estourar de felicidade, disse pro irmão: “A gente vai comer o galo também!” A mãe voltou a perguntar pela menina: “Ciça ta aqui?” (irmão): “Não, ela foi lá embaixo”. (mãe): “Ciiiça”. (Ciça): “Oii”. (mãe): “Olha, vem pra casa”. Dona Belarmina, então, botou água no fogo, sangrou o peru. Era uma lapa de peru! E Ciça comeu o peru. A mãe num queria matar ele não pra vender. Mas bem que Ciça tinha dito: “Ela vai comer o peru!”

Até aí está tudo bem com as histórias de Cícera, ela contava uma mentirinha e conseguia o que queria, podia até ser que apanhasse um pouquinho depois, mas ela continuava fazendo as travessuras mesmo assim. Mas um dia, como acontece com todo mundo que conta muita história, quando Cícera foi falar a verdade, ninguém acreditou nela, o feitiço tinha se virado contra o feiticeiro.

Ela tinha ido no mato pra pegar lenha e uma espinha de cobra tinha entrado no pé dela, ela mostrou pra mãe, a mãe olhou assim, e não achou a espinha e falou: “É manha dela!” E ordenou: “Tu, Maria José, Maria das Dores vão no rio pegar peixe pra o almoço de amanhã!” Ciça, com o pé doendo muito pensou: “Me ajuda papai do céu! Meu pé ta doendo!”

Lá no rio Maria José num tinha tido a menor pena de Cícera, dizia secamente: “Bota o gererê aqui pra pegar o peixe!” E Ciça pensava: “Eita Jesus, se eu num pegar o peixe eu vou apanhar! Me ajuda Jesus..a pegar um peixinho, um peixinho Jesus!” Quando Maria José buliu na beira do rio Ciça pegou um peixe desse tamanho! Gritou logo: “Me acode Maria José, me acode, um peixão, um peixão!”. Maria José correu pegou o peixe, saiu de dentro da água pro peixe num cair dentro da água, matou o peixe, e botou numa cesta.

Ciça começou a sentir o pé: “Aí Maria José, meu pé, meu pé!” (Maria José): “Quer ir pra casa?” (Ciça): “Eu vou pra casa, eu vou pra casa”. Já estava dando febre na pobre da menina. Chegaram em casa já era noite, Ciça num podia nem botar o pé no chão de tanta dor. Dona Belarmina botou o pé dela na água, veio uma facada no coração dela e ela gritou: “Ai que dor! Jesus me ajuda! Eu vou morrer! Eu vou morrer meu Jesus!”. E Dona Belarmina apavorada: “Amanhã de manhã vou levar essa menina pro hospital”. O pé de Ciça já estava ficando roxo, todo roxo, a espinha de cobra tava lá dentro!

No outro dia, bem cedinho, os pais de Ciça levaram ela no médico, o doutor de seis horas da manhã chegou, assustado disse: “Virgem minha Nossa Senhora, o pé da menina ta todo roxo! Vou dar uma injeção nela.” Ele deu a injeção e a dor não parou. Aí ele deu um talho e saiu um bocado de pus. Ele coou o pus, com uma peneirinha, pra saber o que é que tinha dentro. Aí ele tirou a espinha, ela era da cor de coco, bem branquinha.

Depois, o pai de Ciça mais a mãe chegaram: “E aí doutor?” (médico): “Espinha de cobra!” No outro dia de manhã Cícera já estava melhor, acordou cedinho, tirou leite de vaca, tomou. (mãe): “Ta melhor ta minha filha?” (Cícera): “Tô mãe”. Se Cícera não tivesse tirado o espinho ele tinha subido, subido pelo corpo todo e se chegasse no coração a menina morria!

Mas por que será que Cícera era tão pimentinha? Deveria ter algum motivo! Sabe por quê? Por que ela nasceu no dia da fogueira!!!

A fogueira tava feita, a mesa tava a coisa mais linda do mundo, Dona Belarmina tinha feito de tudo: pamonha, canjica, tapioca, pé-de-moleque, tinha até matado um peru pra comer no outro dia no almoço. Nesse tempo o fogão era à lenha, onde se faziam os bolos, galinha. Dona Belarmina fazia cada bolo de manteiga! Todo ano era assim, ela enchia a mesa, a mesa ficava cheinha, cheinha!

Mas esse ano era diferente, esse ano a mulher estava com um barrigão. (Belarmina): “Essa criança ta preguiçando dentro da minha barriga, ela num quer nascer não!” Foi só Belarmina dizer isso e começou a sentir uma dor: “Aí que dor na minha barriga, uma dor no meu pé da barriga! Eu vou descansar é? Essa nega vai nascer, ou é um nega ou um nego!” No fundo o marido dela queria um menino, mas disse pra mulher: “Do jeito que vier ta bom num ta veia?” (mulher): “Ta bom.”

Então deu um dorzinha e Donda Belarmina resolveu ir tomar banho. Aí ela disse assim: “Olha, bota a comida todinha em cima da mesa e o peru tu corta, bota pra ferver pra torrar amanhã”. (marido): “Ta certo”. Ela ainda disse: “Eu num vou nem tomar café, num to com vontade de comer nada. Nem pamonha nem nada”. E falou pro marido: “Olha, tu vai chamar a parteira? Eu vou descansar meu velho”. (marido): “Tu vai descansar é?”

Eles moravam aqui e a parteira na banda de lá. O pai de Ciça deu uma carreira, mas quando chegou ela já tava na beira mesa Qué- qué-qué. Todo feliz, o velho acendeu a fogueira, soltou bem muitos fogos. E o povo falou: “Eita Belarmina descansou, ela descansou Meu Deus, no dia da fogueira!”

Cícera tinha nascido no dia do fogo! Foi tanta gente pra comer e beber: “Foi homem?” E o pai de Ciça: “Foi mulher, o nome dela é Cícera”. Tinha sido uma promessa. Todo menino dele morria, então ele fez uma promessa se fosse homem era Cícero, se fosse mulher era Cícera. (pai): “A minha Cícera nasceu, foi mulher”.

A parteira limpou a criança, cortou o imbigo, deu banho, deixou na beira da cama. Botou outra roupa, deixou ela toda bonitinha em cima da cama. Então a irmã de Ciça disse pra mãe: Quer tomar café? (mãe): “Quero uma pamonha somente e uma xícara de café”. Aí ela comeu a pamonha, tomou a xícara de café. E a menininha lá, magrinha, xoxinha. Foi tanta gente ver ela! E todo mundo que chegava dizia: “Eita, a menina nasceu no dia da fogueira! A menina vai ficar uma pimenta!” Foi dito e feito!

Fim.

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