quarta-feira, setembro 10, 2008

Celesnah


Era uma vez uma menina lourinha, de cabelos encaracolados e olhos redondos, chamada Celesnah.

Desde muito pequena a menina percebeu que era diferente de seus amiguinhos, quando ela estava muito feliz ficava toda brilhante, saíam raios por todas as partes do seu corpo. Uns brincavam que ela tinha engolido uma estrela cadente, outros que a menina era, na verdade, um vaga-lume disfarçado. E ela, nada sabia do porquê de ser assim. Ela nem mesmo acreditava que tivesse tanta luz!

O pai da menina era um homem a frente de seu tempo. Ele tinha fabricado uma maquina fantástica que fazia cópias de tudo aquilo que ele via! A menina sempre quis mexer nela, mas ele não deixava. Escondia o olhoscópio a sete chaves.

Celesnah tinha herdado a mania do pai de enxergar o mundo com olhos diferentes do comum. Se tinha uma coisa que ela gostava de fazer era olhar pelo buraco da fechadura. Achava bonita aquela forma de ver o mundo com moldura.

Um dia seu avô, que sabia do divertimento da menina, pegou uma fechadura velha que tinha e pou, deu a ela. Afinal de contas a mania já havia criado constrangimentos! Celesnah nunca tinha ficado tão entusiasmada. Agora podia olhar o mundo todo com sua fechadura móvel. E saía palas ruas e parques. Ia até pra escola olhando pelo buraquinho.

Sua mãe era linda. Tinha os cabelos grandes, encaracolados também, e um bonito sorriso. Ela tinha uma estranha profissão: fazia poções mágicas. Tinha sido uma de suas poções que tinha salvado a menina uma vez.

Celesnah estava muito triste porque seu gatinho Truffaut havia morrido. Não queria mais comer, nem falar. Então, sua mãe preparou uma poção chamada “poção do encantamento”. Ela servia pra as pessoas esquecerem as coisas tristes e voltarem a sonhar.

A menina tomou o líquido e foi tiro e queda. De noite teve os sonhos mais lindos de sua vida. Sonhou que Truffaut tinha entrado num mundo encantado e agora andava de botas, tinha um grande bigode e estava muito feliz com sua nova vida. A menina voou de mãos dadas com ele por céus muito azuis, cheinhos de estrelas. Só via os pontinhos vermelhos, verdes (casas e árvores) nos grandes campos lá embaixo. E era tão bom voar! Ela sentia um ventinho correr por seu corpo. Estava leve, leve. Então acordou recuperada e luminosa, já que estava muito feliz.

Sua avó fazia tricô, chalés lindos que a menina adorava usar. Uma de suas brincadeiras preferidas era e vestir de mulher. Pintava a boca de vermelho, colocava os sapatos de sua mãe e o chalé de sua avó. Saía desfilando e seu pai pegava o olhoscópio e reproduzia a menina daquele jeito, toda pousuda.

Mas ser diferente dos outros começou a incomodar Celesnah. Ela perguntava ao pai, à mãe, ninguém lhe dizia o motivo.

Um dia, escutou a conversa de sua mãe com uma amiga. Ouviu a mãe dizer que ela tinha nascido na lua cheia de junho e que as pessoas que nasciam nesse dia absorviam parte da luz do sol que refletiria na lua.

Assim, a luz que emanava de Celesnah era importante para dar energia às outras pessoas.

Depois desse dia a menina não se inquietou mais. Buscava sempre ficar muito feliz, pra que os outros ao seu redor também ficassem.

E essa foi a origem de Xá, menina crescida que hoje (25 de junho) completa mais uma volta em torno do sol.

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